18/03/2016 20h58 - Atualizado em 18/03/2016 22h09

Manifestante é agredido ao deixar ato de apoio a Lula na Avenida Paulista

Designer Hélio Teixeira levou um soco no olho quando saía do protesto.
Grupo contrário ao ato atacou o rapaz na Avenida Brigadeiro Luís Antônio.

Letícia MacedoDo G1 São Paulo

O designer Hélio de França Teixeira, de 33 anos, foi agredido com um soco no olho por um grupo de rapazes contrários à manifestação realizada na Avenida Paulista, nesta sexta-feira (18). O rapaz afirma que tinha participado do protesto, acompanhou todo o discurso do ex-presidente Lula, e estava deixando a via rumo ao Metrô, quando foi atacado (veja depoimento do homem no vídeo acima).

Segundo Teixeira, no cruzamento da Avenida Paulista com a Avenida Brigadeiro Luís Antônio, ele começou a ouvir provocações, xingamentos. Na sequência, foi atingido com soco no olho. Manifestantes que estavam no local chegaram a pedir ajuda de policiais, mas nenhum oficial interveio. 

Ao fim do discurso de Lula, muitos manifestantes caminhavam no sentido Paraíso para tentar pegar o Metrô na Estação Brigadeiro já que na Trianon-Masp a concentração de passageiros era muito grande e os policiais controlavam a entrada.

Com uma camiseta que fazia referencia a Calos Marighela, que lutou ativamente contra a ditadura, o designer Hélio de França Teixeira, de 33 anos, ia com os amigos para pegar o metrô. De acordo com testemunhas e com a vítima, um grupo de rapazes vinha do Paraíso no sentido da manifestação gritando palavras ofensivas contra os manifestantes. Inicialmente, um rapaz estava sozinho fazendo um vídeo, logo depois chegaram os colegas.

“A gente estava voltando da manifestação para o Metrô. O cara veio filmando e falando que só tinha ladrão na rua. Aí no meio do bate e volta, o cara me deu um soco na cara”, afirmou o designer, que além do corte no supercílio ficou com a parte inferior do olho bastante inchada.

O designer Hélio de França Teixeira, de 33 anos, foi agredido com um soco no olho por um grupo de rapazes contrários à manifestação que ocorre na Avenida Paulista.  (Foto: Letícia Macedo/G1)O designer Hélio de França Teixeira, de 33 anos, foi agredido com um soco no olho por um grupo de rapazes contrários à manifestação que ocorre na Avenida Paulista. (Foto: Letícia Macedo/G1)

Diante da confusão, a reportagem do G1 comunicou uma base da polícia que estava na esquina da Brigadeiro com a Paulista sobre o início do tumulto,  mas os policiais só observaram de longe. Ninguém foi preso. Enquanto a reportagem esteve no local, não houve tentativa de identificar o agressor. Após insistentes pedidos dos manifestantes, um deles trouxe água para que ele lavasse o olho.

O músico Sergio, de 43 anos, que preferiu não revelar o sobrenome, disse ter visto o grupo e ter chamado a atenção da polícia. “Eu disse para o Choque eles estavam ofendendo os manifestantes, mas eles disseram que não podiam fazer nada porque era direito de expressão. Logo depois, aconteceu a confusão”, afirmou ao G1.

Aluno da Faculdade federal Davi Procacci, de 20 anos, observou o tumulto e foi tentar ajudar. “Vi o tumulto e achei que era coxinha batendo em manifestante. Só vi um senhor do nada sendo empurrado. Quando cheguei perto o rapaz apareceu com o rosto todo sujo de sangue”, contou.

O estudante de jornalismo Vinicius Leite, de 22 anos, amigo de Davi, também foi atingido na confusão, mas sem gravidade. “Um golpe acabou me acertando. Meu celular caiu no chão e quebrou”, afirmou.

Mais cedo, a Polícia Militar entrou em confronto com manifestantes a favor do governo Dilma Rousseff, que participam de um ato na Avenida Paulista, nesta sexta-feira (18). A confusão aconteceu em frente ao prédio da Fiesp (veja vídeo abaixo).

Um grupo contra o governo Dilma Rousseff, que permaneceu na Avenida Paulista dentro da barreira da Polícia Militar, ergueu uma faixa a favor do impeachment. Os manifestantes a favor da democracia se irritaram e avançaram contra o pequeno grupo, mas foram dispersados pela PM com spray de pimenta. Ninguém foi ferido ou preso.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, "Não houve nenhuma ocorrência grave, sendo registrada somente a retirada de três manifestantes contrários ao Governo Federal".

A PM usa spray de pimenta para dispersar confusão após manifestantes a favor e contra o governo Dilma entrarem confronto em frente ao prédio da Fiesp. Ninguém foi ferido ou preso (Foto: Newton Meneses/Futura Press/Estadão Conteúdo)A PM usa spray de pimenta para dispersar confusão após manifestantes a favor e contra o governo Dilma entrarem confronto em frente ao prédio da Fiesp. Ninguém foi ferido ou preso (Foto: Newton Meneses/Futura Press/Estadão Conteúdo)

Antes do início do evento, por volta de 15h, manifestantes contra o governo disseram que não iriam sair durante o protesto pró-Lula e houve momentos de tensão, em que membros dos dois grupos discutiram e foram separados pela Polícia Militar (veja vídeo abaixo).

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, disse que a Polícia Militar iria garantir que não haja confronto no ato a favor da democracia e do governo federal que ocorre nesta tarde na Avenida Paulista, Centro da capital.

Ato a favor do Governo Federal acontece nesta sexta, na Av. Paulista (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)Ato a favor do Governo Federal acontece nesta sexta, na Av. Paulista (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)

Jato d'água
Pela manhã, na Avenida Paulista, a Polícia Militar teve de retirar 30 manifestantes contrários ao governo Dilma Rousseff e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que insistiam em permanecer na via - interditada havia 39 horas. Foi a primeira vez que a PM usou um blindado com jato d'água para dispersar protesto. Apenas uma bomba de efeito moral foi usada.

 

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